Em todo mundo, cerca de 35% a 45% das empresas adotam práticas de recrutamento de pessoal baseadas na Inteligência Artificial, principalmente nas grandes corporações. Além disso, 99% das empresas incluídas na Fortune 500 (lista anual compilada e publicada pela Revista Fortune, que classifica as 500 maiores empresas dos Estados Unidos em termos de receita total) utilizam métodos de IA em seus processos seletivos para contratação de novos colaboradores. O levantamento inclui empresas públicas e privadas que divulgam suas receitas publicamente e é amplamente considerado um indicador significativo da economia e uma referência para o desempenho das grandes corporações americanas.
Na Europa, uma outra experiência revolucionária tem atraído a atenção dos especialistas em Recursos Humanos: o recrutamento de novos talentos para o futebol. Uma empresa de tecnologia londrina desenvolveu um aplicativo móvel, que visa democratizar a prospecção de talentos no esporte. A ferramenta, que é gratuita e disponível globalmente, permite que aspirantes a jogadores profissionais enviem vídeos de si mesmos realizando uma série de exercícios específicos. Desta forma, suas habilidades e competências são avaliadas automaticamente por uma IA. O principal objetivo é otimizar o tempo dos olheiros e, em consequência, o aumento da produtividade, já que esses processos seletivos geralmente são onerosos.
Essa inovação também já é realidade nas empresas do grupo Vitae Brasil, comandado pelo empresário e mentor Luis Namura.
O departamento de Recursos Humanos do grupo já vem utilizando algumas ferramentas de IA na seleção de candidatos, principalmente porque está se tornando cada vez mais comum pela facilidade não apenas de avaliar as competências técnicas dos candidatos, mas também para mensurar suas habilidades interpessoais e adequação cultural à empresa. Dessa forma, além de tornar o processo seletivo mais eficiente e reduzir o tempo destinado à burocracia, é possível melhorar a precisão na seleção dos candidatos mais adequados para cada vaga.
Para atender as necessidades das companhias, o departamento se utiliza do ChatGPT, focado na compreensão e geração de linguagem natural para analisar currículos e cartas de apresentação; aplicar testes de aptidão, avaliações de habilidades e testes online; análise de feedback, entrevistas automatizadas e análise de Soft Skills.
De acordo com a Gerente de Recursos Humanos do grupo Vitae Brasil, Daniele Saurin, é possível traçar um perfil bem completo do profissional tanto técnico quanto interpessoal por meio da Inteligência Artificial. Ela destaca as principais características que podem levar a contratação ou eliminação de um candidato em um processo seletivo:
Habilidades Técnicas: Conhecimento específico e domínio da área.
Habilidades Interpessoais e Comportamentais (Soft Skills): Comunicação eficiente, trabalho em equipe, adaptabilidade, flexibilidade, pensamento crítico e criativo.
Competências de Liderança e Gestão: Planejamento, organização, análise e tomada de decisões.
Avaliação de Competências com Ferramentas de IA: Análise de currículo e LinkedIn, testes online e avaliações, entrevistas automatizadas e feedback.
“Através dessas análises, temos uma avaliação abrangente das capacidades de um profissional, fornecendo insights detalhados aos setores responsáveis sobre suas competências técnicas e interpessoais, além de seu potencial para se adaptar e crescer dentro da nossa organização”, explica a gestora.
Economia do tempo e recursos são diferenciais que tornam a IA atrativa nos processos seletivos
Luis Namura costuma dizer em entrevistas e palestras que não é a Inteligência Artificial que vai tirar os empregos dos profissionais, mas sim aqueles que sabem utilizá-la de forma perspicaz. Então, seguindo essa linha de raciocínio, ao ser questionado se estamos caminhando para um momento em que durante uma das etapas do processo seletivo poderá ser requisitado aos candidatos um teste prático de utilização da IA para que ele seja testado em relação às competências que talvez uma dinâmica ou entrevista não consigam detectar de imediato, o executivo é enfático:
“Estudando a aplicação da IA para evoluir nossos processos seletivos, identifiquei que entrevistas e dinâmicas podem ser subjetivas e influenciadas por vieses inconscientes dos analistas de recursos humanos (entrevistadores). Um teste prático de IA pode fornecer uma avaliação mais objetiva das habilidades de um candidato. A capacidade de resolver problemas complexos e pensar criticamente, muitas vezes, pode ser melhor avaliada através de tarefas práticas do que em entrevistas tradicionais. Atualmente, algumas habilidades técnicas avançadas são difíceis de avaliar se não for em uma demonstração prática. Um teste prático permite aos candidatos demonstrarem suas competências reais, capacidade de aplicar conhecimento teórico e solucionar problemas técnicos complexos”, pontua.
Os testes práticos realizados pela IA podem ser projetados para refletir problemas reais enfrentados pelas empresas, proporcionando uma visão mais clara de como o candidato pode contribuir para a organização. Podemos tomar como exemplos simulações ou projetos específicos que podem ser utilizados para avaliar a capacidade do candidato de aplicar suas habilidades em situações do mundo real. A IA também fornece feedback imediato sobre o desempenho do candidato, destacando áreas fortes e as que também necessitam de melhorias. Isso permite um processo de seleção mais rápido e eficaz, ajudando a identificar os melhores candidatos com maior precisão. É possível pedir aos candidatos para resolver desafios específicos usando a IA, como organizar Hackathons ou competições internas como maneira eficaz de avaliar habilidades práticas dos candidatos em um ambiente colaborativo e competitivo. Essas competições ajudam a observar habilidades de trabalho em equipe, resolução de problemas sob pressão e criatividade.
Recentemente, o grupo Vitae Brasil organizou um Hackathon entre os colaboradores, utilizando IA. Foi um sucesso e é uma prática que pode ser estendida para a área de recrutamento e seleção em casos específicos. À medida que essa prática se torna mais comum, candidatos precisarão se preparar adequadamente, não apenas com conhecimento teórico, mas também com experiência e prática em IA. É importante garantir que os testes sejam justos e éticos, proporcionando a todos os candidatos as mesmas oportunidades de mostrar suas habilidades.
Isso significa que, em breve, a integração de testes práticos de utilização de IA no processo seletivo poderá fornecer uma avaliação mais robusta e completa das competências dos candidatos, ajudando a identificar talentos que possam realmente contribuir de maneira significativa para os nossos objetivos e desafios tecnológicos.
A Gerente de RH Daniele Saurin reforça os motivos que tornam a IA atrativa nesses casos: “Analisando nossa experiência interna na empresa, acredito que a utilização de novas tecnologias no processo seletivo pode resultar em uma economia substancial de tempo para os empregadores em comparação com os métodos tradicionais. Aqui na empresa, em todas as fases que aplicamos, colaborou muito para um processo mais ágil. Podemos dizer que, em relação ao método tradicional, tivemos um ganho de 50% em todas as etapas, se considerarmos as horas gastas, volume de candidatos e a eficácia. Isso representa economia de tempo e recursos que podemos utilizar em outros projetos que beneficiem nossos colaboradores”, conclui a especialista.
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MARCOS ROBERTO DE SIQUEIRA LIMA
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