A escassez de profissionais de tecnologia no Brasil tem sido muito comentada nos últimos meses. Uma pesquisa do Google, por exemplo, mensurou que, até 2025, o Brasil terá um déficit de 530 mil profissionais tech. Um outro estudo, dessa vez realizado pela Data-Makers, em parceria com a CDN, constatou que 77% das empresas brasileiras ainda não estão devidamente imersas na digitalização de negócios e não investiram em projetos de cultura e inovação até o momento. Já uma pesquisa feita pela Educations at Glance da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE, constatou que, de todos os graduados brasileiros de 2024 até agora, apenas 17% são da área de STEM, Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática, enquanto a média de países desenvolvidos alcança os 24%, uma porcentagem que apresenta o setor tech como saturado e com poucos profissionais especializados concorrendo às vagas disponíveis.
Projeto “Tuiteiro de Vagas Tech”
A realidade atual prova que a falta de profissionais tech tem sido um dos fatores responsáveis por dificultar a evolução desse setor no país e o Perfil Júnior pode ser a solução assertiva para sanar o problema. Pensando nisso, desenvolvi um grupo de apoio no “X”, antigo “Twitter”, intitulado Projeto Tuiteiro de Vagas Tech, cujo objetivo é compartilhar vagas de TI com perfis juniores e permitir que vivenciem a continuidade de sua carreira e/ou sua tão sonhada e esperada entrada no mercado de trabalho. Atualmente, a página @tuiteirodevagas tem 13.352 seguidores. É um projeto que cutuca uma ferida grande e dolorida, causada pelo golpe que o mercado ainda sofre quanto à carência de renovação e de processos de desenvolvimento tecnológico.
Qual o objetivo do Projeto “Tuiteiro de vagas Tech” e quantos profissionais ele já atingiu?
Desde 2021, ano em que o Projeto foi iniciado, o objetivo tem sido oxigenar o mercado de TI e fazer com que perfis juniores sejam atingidos e contratados. O cerne da questão é balançar o mercado, com a pretensão de auxiliar os novos profissionais a iniciarem a renovação do setor. Só na terceira semana de outubro, o Projeto alcançou mais de 34k impressões e com base no Twitter Analytics, o perfil, hoje, conta com mais de 2,9 milhões de visualizações no aplicativo.
No Telegram, o grupo soma em 1.268 membros. Os candidatos interagem o tempo todo, até mesmo por e-mail, enviando mensagens positivas, elogios à iniciativa do Projeto, e de recomendações, o que prova que realmente há um grande apelo por novas oportunidades profissionais e escancara a deficiência de contratações para as áreas de tecnologia.
Início de carreira a partir do Junior e a importância das primeiras oportunidades para o desenvolvimento profissional
Atualmente, moro em Curitiba, onde cheguei aos 20 anos para trabalhar como Auxiliar de Cartório, na função de Caixa. Após 1 ano trabalhando nessa função, assumi outra responsabilidade, dessa vez como Atendente, oportunidade perfeita e que me permitiu aprender a lidar com pessoas logo no início da carreira.
Além disso, passei por várias outras funções e promoções. Fui Promotor de Rua, panfletando e abordando clientes; Atendente de Crédito, em um quiosque, dentro de um supermercado; Consultor de Empréstimos e também Supervisor e Coordenador em Financeiras; Consultor de Serviços Financeiros em concessionárias de carros; Bancário e Uber por um tempo.
Mesmo sem faculdade, aproveitei todas as chances que recebi, até assumir o cargo de Coordenador Regional de um grande Atacadista provando, assim, a importância das primeiras oportunidades para o desenvolvimento profissional. Em 2020, logo após finalizar minha jornada como Coordenador Regional, resolvi fazer uma transição de carreira da área comercial para o RH, formando-me em Gestão de RH e iniciando uma nova trajetória como freelancer em Recrutamento e Seleção Generalista e Tech Recruiter. Em 2021, recebi minha primeira oportunidade de contratação nesse mercado como Tech Recruiter Junior.
Apesar de saber que essa oportunidade de trabalhar na profissão em que havia me formado era valiosa, também sabia que, para iniciá-la, deveria voltar à estaca 0, já que estava passando por uma transição de carreira; tinha experiência com várias outras funções e sabia lidar com gente, mas ainda precisava aprender a lidar com processos. Hoje, contribuindo na mesma profissão e posição, entendi que, sem oportunidade, eu jamais teria alcançado algum patamar de experiência. Encarar todo o processo de frente me fez perceber que, para avançar, muitas vezes é preciso reiniciar, e quando temos oportunidade para isso, a chance de crescimento e cooperação com as empresas contratantes apenas aumenta.
E aí, galera? Bora contratar?
É importante citar que a saturação do setor, graças ao excesso de profissionais dos perfis Pleno e Sênior assumindo as vagas disponíveis, só está acontecendo porque muitas dessas empresas ainda não entenderam que o trabalho do perfil Júnior precisa de oportunidades para alcançar resultados.
Oferecer uma chance ao perfil Júnior é oportunizar aos novos profissionais o protagonismo no cenário tech com segurança. É importante lembrar que, para possibilitar ao Júnior de hoje se transformar no Sênior de amanhã, a renovação deve andar lado a lado ao desenvolvimento de pessoas.
*Vitor Maciel Neto é formado em Gestão de RH e atua como Tech Recruiter na Kstack.
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LÍVIA IKEDA MARTINS
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