A volta ao trabalho após a licença maternidade é um momento de transição marcante para as mães, repleto de desafios e principalmente incertezas em relação ao futuro da carreira. Segundo um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Rio), metade das mulheres perdem os cargos imediatamente após o retorno da licença-maternidade. Esse receio de um possível desligamento somado à situação de dedicar menos tempo aos filhos, gera sentimentos de culpa, ansiedade e preocupação nas mães. Esses sentimentos não se limitam apenas ao bem-estar da criança, mas também se estendem às suas próprias perspectivas de carreira e possíveis promoções.
Esse cenário pode ser uma das razões pelas quais muitas mulheres têm decidido adiar a maternidade. A pesquisa “Estatísticas de Gênero-Indicadores sociais das mulheres no Brasil“, realizada pelo IBGE, revelou um aumento significativo de 16,8% no número de mães com mais de 40 anos em 2023, o que pode estar relacionado ao desafio delicado de equilibrar as responsabilidades profissionais e familiares após o período de licença-maternidade.
“O apoio da empresa é essencial nesse momento, pois a mãe enfrenta uma série de desafios ao retornar ao ambiente de trabalho. Além das questões práticas, como a organização da rotina familiar e do cuidado com o bebê, ela também enfrenta questões emocionais, como a culpa por se ausentar do convívio com o filho”, é o que explica a Dra. Simone Nascimento, médica com especialização em saúde mental e consultora de bem-estar corporativo.
Ela destaca ainda que os programas de retorno gradual para as mães são muito importantes, pois permitem que elas retomem as funções de forma progressiva, o que pode ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade associados à volta ao trabalho. Além disso, esses programas podem ajudá-las a se readaptar ao ambiente corporativo e ainda a conciliar suas responsabilidades familiares e profissionais.
“Essa perspectiva de apoio e entendimento por parte das empresas pode fazer toda a diferença na vida das colaboradoras que acabaram de se tornar mães e estão enfrentando esse momento tão desafiador”, reforça a Dra. Simone.
Para construir esse ambiente acolhedor e empático, a consultora indica a implementação de políticas e práticas que promovam a flexibilidade, o apoio emocional e uma cultura de inclusão. Confira algumas delas:
Flexibilidade empática: ofereça flexibilidade de horários e a opção de trabalho remoto, quando possível. Isso não apenas facilita a conciliação entre trabalho e família, mas também demonstra empatia e apoio às mães que retornam ao trabalho.
Cultura inclusiva: Promova uma cultura de trabalho inclusiva, em que as mães se sintam valorizadas e respeitadas. Isso envolve criar um ambiente onde todas as vozes sejam ouvidas e todas as experiências sejam valorizadas.
Suporte emocional: Ofereça suporte emocional, como sessões de aconselhamento ou grupos de apoio. A transição de volta ao trabalho pode ser emocionalmente desafiadora, e ter acesso a esse tipo de suporte pode fazer toda a diferença para as mães.
Cultura de apoio: Crie um clima de apoio entre colegas, incentivando a compreensão e o suporte entre os colaboradores. Isso pode incluir a organização de grupos de afinidade ou eventos que visem a integração e o bem-estar.
Uma empresa que se atenta para essas questões fomenta uma relação onde a colaboradora se sente acolhida, valorizada e segura, o que gera uma postura de comprometimento que reflete em maior produtividade, menores absenteísmo e turnover. A organização que cuida também ganha.
Sobre a Dra. Simone Nascimento
A Dra. Simone Nascimento é médica, mestre em Medicina pela Universidade de Lisboa, com especialização em Saúde Mental Corporativa pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein. Possui formação e certificação em Medicina do Estilo de Vida pelo American College of Lifestyle Medicine. Simone é fundadora do Projeto Equilibria – Saúde Individual e Coletiva e atua como palestrante e consultora de programas de saúde mental no trabalho e saúde integral.
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GHABRIELLA COSTERMANI MACHADO
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