A próxima grande disputa geopolítica pode ser pelo fornecimento de água, envolvendo potências como China, Índia e Paquistão. Essa é uma previsão amplamente discutida entre analistas internacionais, fundamentada no risco de derretimento do “Terceiro Polo” — cerca de 100 mil quilômetros quadrados de geleiras na vasta cordilheira do Hindu Kush. Atualmente, além dos 240 milhões de habitantes da região montanhosa, cerca de 3 bilhões de pessoas nos três países dependem dos rios alimentados pelo derretimento dessas geleiras durante o verão. Se o aquecimento global diminuir o volume de gelo, milhões de pessoas enfrentarão escassez de água, aumentando tensões em regiões com arsenais nucleares.
No Brasil, a gestão racional e eficiente da água é igualmente crucial. Como um dos maiores produtores e exportadores mundiais de alimentos, o país enfrenta desafios relacionados ao custo crescente e à escassez de água. Sem irrigação, a produção de grãos, especialmente no Cerrado, torna-se inviável. Aqui, a inteligência artificial (IA) pode ser uma aliada poderosa, promovendo ganhos de produtividade e sustentabilidade no campo.
A irrigação foi a primeira grande intervenção do Homo sapiens para modificar o meio ambiente em benefício próprio, datando de antes da invenção da escrita. Ao longo dos últimos 10.000 anos, evoluiu de práticas rudimentares, como inundações controladas, para técnicas mais sofisticadas, como irrigação por aspersão, gotejamento e pivô central. Agora, com a IA e a GenIA (Inteligência Artificial Generativa), a irrigação atinge um novo patamar de eficiência. Essas inovações não apenas aumentaram a produtividade agrícola, mas também transformaram paisagens inteiras, permitindo o cultivo em regiões antes consideradas inóspitas e contribuindo para o desenvolvimento de civilizações complexas.
Sistemas de irrigação modernos, integrando tecnologias disruptivas e um foco crescente na sustentabilidade, são automatizados e se adaptam às mudanças climáticas. Sensores avançados monitoram a umidade do solo e as necessidades das plantas, permitindo ajustes em tempo real. Essa gestão dos recursos hídricos, reduz custos com água e energia, aumentando a produtividade das culturas e melhorando a qualidade dos produtos, além de otimizar a quantidade de água utilizada e reduzir o desperdício.
Ademais, sensores inteligentes e algoritmos de aprendizado de máquina podem prever necessidades hídricas com precisão, ajustando automaticamente os sistemas de irrigação para garantir que cada planta receba a quantidade exata de água necessária. A GenIA pode simular, também, diferentes cenários de cultivo e irrigação, ajudando os agricultores a tomar decisões informadas sobre como maximizar a produtividade e a sustentabilidade. Essa revolução tecnológica não só aumenta a eficiência hídrica, mas também contribui para a conservação dos recursos naturais e a mitigação dos impactos das mudanças climáticas na agricultura.
No entanto, a IA não se limita à agricultura. A tecnologia pode ser aplicada a diversas áreas, trazendo eficiência e sustentabilidade. Por exemplo:
Gestão de insumos e redução de custos: A IA analisa grandes volumes de dados para identificar oportunidades de redução de estoques e desperdícios em toda a cadeia de valor. Otimiza o uso de recursos como energia e água, ajustando processos para minimizar o desperdício e melhorar a logística.
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D): A IA está revolucionando a P&D de novos materiais e produtos sustentáveis. Algoritmos de aprendizado de máquina simulam milhões de combinações, identificando as mais eficientes e ecologicamente corretas, com potencial impacto na pesquisa de medicamentos e na economia circular.
Contratos inteligentes e gerenciamento da cadeia de suprimentos: A IA otimiza a logística, desenhando rotas e uso de frotas mais eficientes, reduzindo o consumo de combustíveis fósseis e as emissões de carbono, especialmente em áreas urbanas.
Engajamento em iniciativas de sustentabilidade: Novas tecnologias aumentam o engajamento de equipes, investidores e consumidores, promovendo práticas sustentáveis. Ferramentas de comunicação personalizadas, desenvolvidas com IA, fortalecem o apoio às políticas ambientais.
A integração da IA em processos sustentáveis não é apenas uma tendência, mas uma necessidade urgente para a sobrevivência de nossa sociedade e do planeta. Empresas e governos devem investir em IA como uma ferramenta essencial para enfrentar desafios ambientais e promover práticas ecologicamente corretas, garantindo um futuro próspero e sustentável para as próximas gerações.
*Fabricio Visibeli possui mais de 20 anos de experiência no setor de tecnologia, atuando em bancos, consultoria, varejo e telecomunicações. Com experiência em gerenciamento de equipes e métodos de trabalho globais adquiridos na Espanha, é formado em Ciência da Computação pela FEI, com pós-graduação em Gestão de Projetos de TI pela USP e especialização em Liderança na Inovação pelo MIT. Atualmente, é sócio-diretor na CBYK, desenvolvedora de software e soluções personalizadas de TI.
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Thalita Tartarelli do Nascimento
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