A Geração Z, composta por jovens nascidos entre 1996 e 2007, está progressivamente ocupando seu espaço no mercado de trabalho. Representando 32% da população mundial, de acordo com a ONU, essa geração já forma 48% dos economicamente ativos no Brasil, segundo o IBGE. No entanto, sua entrada no mercado vem cercada de questionamentos e desafios, tanto para as empresas quanto para os próprios profissionais.
Kátia Cristina Marcolino, pedagoga e professora de tecnologia do Centro Universitário FAEP, destaca que as diferenças entre a Geração Z e as anteriores, como os Baby Boomers e a Geração Y, vão além de questões superficiais de comportamento. Ela afirma que, ao contrário da Geração Baby Boomer, que prezava pela estabilidade e seguia rigorosamente as hierarquias corporativas, a Geração Z é marcada pela busca de autonomia e flexibilidade. “Eles trabalham por um propósito e querem que as empresas estejam alinhadas aos seus valores pessoais, preferencialmente com uma cultura inclusiva e diversa”, explica Marcolino.
A professora também ressalta a diferença de valores em relação aos bens de consumo, o que tem gerado certa incompreensão por parte das gerações anteriores. “Para muitos da Geração Z, itens como carro e casa própria, que antes eram símbolo de sucesso, agora fazem menos sentido. Eles são mais conscientes quanto à sustentabilidade e aos impactos ambientais de um consumo desenfreado”, explica.
Ansiedade e impaciência no trabalho
Uma das percepções comuns sobre essa nova geração é a de que eles são menos comprometidos e mais impacientes no desenvolvimento de suas carreiras. Kátia observa que essa visão, muitas vezes estereotipada, é influenciada pela cultura digital em que esses jovens cresceram. “Por serem nativos digitais, a Geração Z tem o senso de urgência mais aflorado, o que leva à busca por resultados rápidos e recompensas a curto prazo. Isso pode ser interpretado como impaciência, mas, na verdade, reflete uma nova dinâmica de relacionamento com o trabalho”, analisa.
A pedagoga destaca que essa geração valoriza feedbacks constantes e ambientes que permitam flexibilidade e autonomia, preferindo, muitas vezes, o trabalho remoto. Entretanto, ela alerta que essa rapidez também pode gerar uma tendência a trocarem de emprego frequentemente, buscando ambientes mais alinhados aos seus propósitos. “O imediatismo digital pode impactar diretamente o comportamento no trabalho, mas é fundamental entender que não é uma questão de falta de compromisso, mas sim de prioridades diferentes”, esclarece.
Integração Multigeracional: o desafio das empresas
A professora acredita que a chave para integrar a Geração Z no ambiente corporativo é a criação de um ponto de equilíbrio entre as diferentes gerações. Ela destaca a importância de empresas adotarem práticas inclusivas e inovadoras, que valorizem a diversidade de ideias e culturas. “Ageísmo não é só discriminação contra os mais velhos, mas também contra os mais jovens. A diversidade etária pode transformar o ambiente de trabalho, trazendo ideias disruptivas e soluções criativas”, afirma.
Para promover essa integração, a pedagoga sugere programas de mentoria, o uso de tecnologias de comunicação mais adaptadas à realidade dos jovens e recompensas que vão além do financeiro, como o desenvolvimento de planos de carreira personalizados e programas voltados ao bem-estar mental e físico. Ela também ressalta a importância de um ambiente que incentive o diálogo intergeracional, proporcionando trocas de experiências e fortalecendo a colaboração entre todos os profissionais.
O papel da liderança
A liderança é um fator crucial para o sucesso dessa integração. Kátia enfatiza que gestores devem desenvolver habilidades que vão além da gestão técnica, incluindo competências como comunicação, empatia e gestão de conflitos. “O líder precisa ser multigeracional, capaz de entender as diferenças de cada grupo e fomentar um ambiente colaborativo. É fundamental proporcionar equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, uma prioridade clara para a Geração Z”, destaca a professora.
Ela conclui que, ao invés de focar nas diferenças geracionais como barreiras, as empresas devem enxergá-las como oportunidades de inovação e desenvolvimento contínuo. “A adaptação às novas gerações é inevitável, e quem souber aproveitar as potencialidades da Geração Z estará à frente na construção de um futuro corporativo mais diverso, inclusivo e criativo”, finaliza Kátia Marcolino.
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MARIANA DA CRUZ MASCARENHAS
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