A região da Alta Mogiana, em torno de Franca (SP), enfrenta uma severa crise hídrica. São mais de 180 dias sem chuvas consideráveis, o que já causa sérios prejuízos à produção de café, comprometendo inclusive a próxima safra.
A estimativa é que o déficit hídrico esteja próximo de 400 milímetros, afetando diretamente a fisiologia dos cafezais.
“A seca prolongada tem levado à desfolha acentuada das plantas, um mecanismo de defesa natural que o café adota para sobreviver à falta de água e às altas temperaturas. É notório que teremos perda na produção da safra 2024/2025”, adianta o produtor e agroinfluencer Rafael Stefani, de Ribeirão Corrente.
“Ainda não conseguimos falar qual será o prejuízo financeiro, mas se a chuva não vier em tempo, o rombo pode ser maior”, completou.
Segundo o engenheiro agrônomo e pesquisador Marcelo Jordão, da Fundação Procafé, a perda de folhas no período que antecede a florada traz consequências graves para a produção.
“Sem uma quantidade adequada de folhas, o pegamento das flores é baixo, e muitas delas acabam abortando, não se transformando em frutos”, explica o especialista.
Com a retomada das chuvas esperada para o final do ano, a preocupação é que, mesmo com floradas significativas, o café não consiga se recuperar a tempo.
“Os produtores da nossa região já enfrentam prejuízos consideráveis, que variam conforme a intensidade da desfolha em cada lavoura. As chuvas não revertem os prejuízos, mas paralisam as perdas”, ressalta Jordão.
Além da perda de frutos, a expectativa de produtividade para 2024 foi revisada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que estima uma queda de 0,5% na produção nacional de café, totalizando 54,79 milhões de sacas.
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ANA LUIZA SILVA FELIPPE
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