Com o aquecimento global e a perda de biodiversidade se intensificando, a cooperação entre grandes nações é mais urgente do que nunca. O Brasil, com uma das maiores reservas de biodiversidade do planeta, e os Estados Unidos, uma das maiores economias globais, desempenham papéis cruciais no enfrentamento das mudanças climáticas. Neste contexto, FGV Europe, em parceria com o Consulado-Geral do Brasil em Nova York, realizou, dia 22, o webinar “Perspectivas Ambientais: Brasil e EUA nos Próximos Anos”, que reuniu renomados especialistas para discutir os desafios e oportunidades ambientais que Brasil e Estados Unidos enfrentarão nos próximos anos.
O evento destacou a necessidade de o Brasil assumir o protagonismo mundial com relação às discussões sobre meio ambiente. Isso é ainda mais premente em razão de o país sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), prevista para ocorrer em novembro de 2025, em Belém, no Pará. A COP30, na região amazônica, é vista como forma de valorizar e apresentar ao mundo as riquezas e diversidades da região, apresentando o potencial da inovação brasileira relacionada à biodiversidade e ao clima para todo o mundo.
Com o apoio institucional do Oxford Group USA e da Amcham-Brasil, o evento foi uma oportunidade única para debater questões ambientais urgentes e explorar caminhos para um futuro mais sustentável. A integração de políticas públicas e o papel da Amazônia para a estabilidade climática foram alguns dos focos das discussões entre especialistas de renome internacional, que destacaram os desafios e as oportunidades dessa cooperação. O webinar atraiu participantes interessados em entender como essas duas nações podem influenciar as políticas ambientais globais nos próximos anos.
Dividido em dois painéis (Governança Ambiental: Brasil-EUA Relações Ambientais e Políticas Públicas Integradas para o Desenvolvimento Sustentável: Amazônia), o webinar contou com as participações de Adalnio Senna Ganem (cônsul-geral do Brasil em Nova York), Cesar Cunha Campos (diretor da FGV Europe), Eduardo Mello (professor adjunto na Fundação Getulio Vargas, coordenador da Graduação em Relações Internacionais e mediador do primeiro painel), Dimitri Zabelin (fundador e estrategista geopolítico da Pantheon Insights), Silvia Pierson (head do escritório da América do Norte da InvestSP), Adalberto D. Bueno Netto (LAT Global e membro da AmCham), Salo Coslovsky (professor da Universidade de Nova York e pesquisador do Amazônia 2030), Laura Albuquerque (Future Climate Group), Marcio Lago Couto (professor da FGV Energia), Sidney Nakamoto (professor da Universidade de Columbia/EUA e mediador do segundo painel), Cleber Guarany (Presidente do CIITTAA International e Head de Projetos Internacionais na FGV Europe), Paula Wojcikiewicz Almeida Fábio Galindo (professora de Direito Internacional e Diretora do Centro de Excelência Jean Monnet da FGV), Carlos Nobre (cientista), Tasso Rezende de Azevedo (engenheiro florestal, consultor e empreendedor social), Enrique Ortiz (cofundador da Iniciativa Andes-Amazônia na Fundação Gordon e Betty Moore e na Associação de Conservação da Amazônia)
O evento proporcionou análise profunda sobre o papel crucial que esses dois países desempenham no combate às mudanças climáticas, preservação da biodiversidade e promoção do desenvolvimento sustentável. Na abertura do evento, o cônsul-geral Adalnio Senna Ganem salientou que desenvolvimento sustentável é, hoje, um dos principais assuntos a se debater em todo o mundo. “O desenvolvimento sustentável é um dos assuntos mais relevantes da atualidade, essencial para a sobrevivência. Ele requer políticas públicas, investimentos significativos, legislação adequada e colaboração com toda a sociedade. Com seus ecossistemas, abundância de recursos, políticas e legislação modernas, o Brasil tem potencial para se destacar globalmente. Para isso, devemos focar em três áreas principais: mercado de créditos de carbono, bioeconomia e transição energética”, defendeu.
Por sua vez, o diretor da FGV Europe, Cesar Cunha Campos, agradecendo a presença dos palestrantes e dos internautas, falou dos trabalhos desenvolvidos pela instituição e como sua atuação no gerenciamento de implementação, suporte de uma rede global de instituições internacionais, garantem alcance global. “O mundo vive um momento crítico, lutando contra a mudança climática. Muito se fala e trabalha com relação às mudanças ambientais e debates como este oferecem oportunidade para refletir sobre como essas duas nações, EUA e Brasil, podem colaborar nesse sentido, aprendendo uns com os outros.”
Política e legislação ambiental – Silvia Pierson, da InvestSP, agência de promoção de investimentos comerciais do estado de São Paulo, afirmou que a questão ambiental na Amazônia traz muitos desafios, mas também muitas oportunidades. “Acreditamos firmemente em responsabilidade compartilhada na ação climática entre o Brasil e os EUA. É essencial que haja colaboração entre os dois países. É essencial que compartilhemos desafios e que reconheçamos o que pode ser feito. Existem grandes oportunidades econômicas e iniciativas verdes para o desenvolvimento econômico para nosso Estado de São Paulo e, claro, para o Brasil”, defendeu
Já Adalberto D. Bueno Netto, da LAT Global, falou sobre política e legislação ambiental é algo complexo e que evolui ao longo do tempo. Segundo ele, não existe legislação ou política perfeita, pois isso leva tempo. “Estamos vendo um relacionamento bilateral, especialmente no meio ambiente, e os impactos que essas políticas têm no investimento direto no comércio. Chegamos a um ponto de inflexão muito positivo. Não quero pintar aqui um cenário otimista, que tudo está bem. Ainda temos desmatamento e problemas. Mas acho que estamos chegando a um amadurecimento dessa relação.”
Protagonismo do Brasil – Cleber Guarany ressaltou a importância do Brasil retomar seu papel de protagonista nas questões ambientais globais, liderando o sul global em meio a desafios consideráveis. Para fortalecer esse protagonismo, a proteção da Amazônia se torna um ponto central. O Brasil precisa demonstrar ao mundo sua capacidade e competência em preservar essa valiosa reserva de biodiversidade.
A proposta do painelista da FGV Europe envolve aumentar os investimentos em projetos sustentáveis na região, adotando uma abordagem de mercado impulsionada por um programa de incentivos fiscais e um marco regulatório adequado, capaz de atrair investimentos da iniciativa privada, tanto nacional quanto internacional.
Investimentos climáticos – Como especialista em energia e mudanças climáticas, Laura Albuquerque, da Future Climate, procurou analisar os desafios e encontrar oportunidades neste mundo de políticas climáticas e ambientais. De acordo com ela, falar sobre investimentos climáticos é algo realmente novo. “Temos como missão projetar, desenvolver e gerenciar a próxima geração de estratégias e soluções climáticas. Há grande potencial de colaboração entre o Brasil e os EUA nesse sentido. São projetos com resultados muito bons em conservação e geração de receitas. Na verdade, entrando com receitas para as comunidades dentro dos projetos, e isso torna o Brasil um parceiro estratégico para os EUA”, afirmou.
Uma das apresentações mais esperadas foi do renomado cientista Carlos Nobre, que estava participando da Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16), em Cali, na Colômbia. Segundo ele, a Amazônia está muito perto do ponto de inflexão climática e ecológica se continuarmos com o desmatamento e aquecimento global que podemos atingir.
“Entre 50 e 70% da Amazônia estarão degradados dentro de 30 a 50 anos. Este é um dado ecológico para o planeta, não apenas para a Amazônia. Precisamos realmente mudar muitas políticas globais, regionais e locais. Essa é uma discussão que deve ser feita em colaboração EUA-Brasil. O primeiro desafio para os EUA é realmente fazer algo semelhante à União Europeia, criando uma estrutura legal que acabe com o desmatamento da Amazônia, assim como União Europeia está fazendo”, declarou.
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MARCO ANTONIO BARONE MORALES
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