Desde 1984, a BASF, multinacional do setor químico, trouxe a Mata Atlântica para dentro do Complexo Químico de Guaratinguetá, com objetivo de recuperar a mata ciliar capaz de trazer benefícios à sociedade e à biodiversidade ao redor de suas instalações. Assim nasceu o Programa Mata Viva® que, ao completar 40 anos em 2024, celebra o lançamento de uma nova reserva, localizada na unidade produtiva da companhia em Jacareí (SP).
Com aproximadamente 12 hectares de vegetação, a “Mata Viva Jacareí” possui trechos de Mata Atlântica conservados ao longo das margens do Rio Paraíba do Sul, onde é possível encontrar mais de 100 tipos árvores identificados, que representam cerca de 10% do total de espécies catalogadas em todo o estado de São Paulo. A localidade também é moradia de 82 espécies de aves, o que corresponde a aproximadamente 10% dos registros em todo o bioma e 10 categorias de mamíferos, como cachorro do mato, capivara, lobo-guará, tatu, saruê, entre outros, de acordo com o mapeamento da biodiversidade feito pela Fundação Eco+, responsável técnica do Programa Mata Viva®.
Para realizar a catalogação, um estudo foi iniciado em novembro de 2022 e estendido ao longo das quatro estações do ano para identificar as mudanças e dinâmica da natureza do local, culminando na entrega final dos resultados em janeiro de 2024. A checagem das espécies teve foco principal na identificação de árvores e aves, explica Tiago Egydio Barreto, biólogo e gerente da Fundação Eco+. “Durante esses meses, conseguimos identificar que há um equilíbrio entre a fauna e a flora na Mata Viva Jacareí, o que permitiu a identificação de uma espécie rara de pássaro, o gavião caranguejeiro. Esse avistamento só foi possível porque a espécie encontra na localidade as condições ideais para se alimentar”, comenta Tiago.
A BASF entende que a preocupação com o meio ambiente é também uma responsabilidade corporativa. Além da pesquisa e do desenvolvimento de produtos e soluções mais sustentáveis, a empresa olha para suas unidades produtivas como plataformas de conservação da biodiversidade local. “A preservação da biodiversidade está no centro da estratégia da BASF, alinhando a produção industrial com a conservação ambiental. A variedade de espécies encontradas na Mata Viva Jacareí é um exemplo claro desse compromisso com a sustentabilidade”, declara Antônio Carlos Cipolli, Diretor de Operações da Unidade Produtiva de Jacareí da BASF.
O engajamento com a preservação ambiental sempre fez parte da cultura da unidade de Jacareí. Como um dos primeiros incentivadores da criação da reserva, o gerente de Produção na unidade, Neri Lemes, destaca a importância do estudo para o local. “Desde o início, acreditamos que a reserva poderia não apenas conservar a vegetação nativa, mas também nos ajudar a entender melhor o ecossistema ao nosso redor. Esse conhecimento é fundamental para equilibrarmos o progresso industrial com a preservação ambiental’, afirma.
Os maiores trechos da floresta acompanham as margens do Rio Paraíba do Sul, formando um mosaico de paisagens que misturam áreas úmidas e matas, dando à reserva uma diversidade de habitats que abrigam uma expressiva diversidade.
A criação de florestas privadas ou corporativas pelas empresas surge da necessidade de combater as mudanças climáticas, especialmente nas grandes cidades, onde as árvores desempenham papel crucial na absorção de carbono. “Quando árvores são removidas, o solo fica exposto, resultando em menor absorção da água da chuva para reposição do lençol freático, o que contribui para a intensificação de processos de desertificação e escassez hídrica. Além disso, a sensação térmica em regiões com poucas áreas verdes também tende a ser maior, provocando problemas na subsistência e no bem-estar das pessoas”, explica Tiago.
Com o Brasil se comprometendo com a restauração de 12 milhões de hectares de florestas ao assinar o Acordo de Paris, as áreas verdes privadas podem contribuir significativamente para a contabilização dessa meta, inclusive. “Com o Programa Mata-Viva® conseguimos inspirar os nossos clientes, parceiros e a sociedade, a incentivarem projetos de conservação e restauração florestais no Brasil”, complementa Natalia Filippo, responsável pelas áreas de Sustentabilidade, Regulamentação, Qualidade e Dados para o negócio de Care Chemicals da BASF.
Programa compensação de emissões de carbono
A Fundação Eco+ coordena projetos de restauração florestal em parceria com outras instituições, a partir da sua experiência com o Programa Mata Viva®. A instituição adota o modelo de Avaliação de Ciclo de Vida para calcular as emissões de carbono de um evento ou produto que uma empresa gostaria que fosse compensado. “Para calcular as emissões de um evento, por exemplo, consideramos o número de participantes, modais de transporte e consumíveis, além da energia elétrica gasta. Também oferecemos uma ferramenta online para as pessoas interessadas em calcular a sua própria pegada de carbono e o caminho para compensar estas emissões ou para fazer a doação de uma muda ao programa” conta Tiago.
A restauração é realizada em locais que podem apoiar a conservação de espécies ou localidades que visam a melhoria dos serviços ecossistêmicos e que tragam impacto social às populações daquela região. A plantação de novas árvores é concentrada no período chuvoso – entre outubro e março, para que as chances de sobrevivência das mudas sejam maiores.
As áreas restauradas recebem cuidados por dois anos, com adubação, capina e controle de pragas, para que as árvores plantadas ou regeneradas cresçam bem. “Nós não trabalhamos em áreas degradadas cuja restauração seja obrigação legal decorrente de algum processo judicial. Focamos em áreas que precisam do suporte com o manejo do solo e com a biodiversidade”, enfatiza o biólogo.
Em 2023, a demanda de compensação de carbono aumentou mais de 100%. Aproximadamente 30,5 mil mudas nativas foram plantadas. Uma nova etapa deste projeto é a construção de uma rede de sementes junto a agricultores familiares, proporcionando impacto social positivo para essas pessoas ao gerar novos negócios.
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LARISSA LUIZA BATALHA BENEDITO
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