Diretores, superintendentes, presidentes ou simplesmente chefes. Tradicionalmente, esses eram os nomes dados às pessoas que ocupavam os cargos de liderança em uma organização. Esses cargos designavam não só uma posição hierárquica rígida nas empresas, em um modelo de gestão e comunicação de “comando e controle”, mas também eram suficientes para sustentar um nível mais básico de complexidade do ambiente dos negócios, de uma forma geral.
As empresas se organizavam segundo o modelo industrial de Taylor, e expandido pela Ford, em que se dividiam as atividades em elementos menores, as áreas de responsabilidade, que trabalhavam praticamente de forma independente, cabendo aos gestores de base garantir a execução e sequenciamentos dos entregáveis entre áreas.
Os gestores de alta liderança detinham o conhecimento do negócio e eram os grandes heróis que frequentemente tinham começado a empresa do nada, definiam a visão e a estratégia e cabia ao resto da organização executar as tarefas designadas.
No máximo os diretores se falavam em alguns encontros pontuais para garantir a coordenação das atividades e eventual cooperação, mas basicamente cada um se mantinha no seu “quadrado”, também eles seguindo as “instruções” de um grande líder, sem grande necessidade de visão estratégica ou colaboração entre áreas ou mesmo pensar nos impactos do negócio. Tudo rodava em torno de gerar retorno financeiro para os acionistas, os “donos”.
Nos últimos anos o mundo evoluiu e as organizações se tornaram mais conectadas, globalizadas e complexas em constante mudança, fundamentalmente aceleradas pela evolução tecnológica. A sociedade também começou a dar atenção ao impacto que as organizações têm, ao nível ambiental e social, assim como nas práticas de governança, sustentabilidade e ética das altas lideranças.
E, com essas mudanças, vieram novas formas de gerenciar organizações, que trazem um novo paradigma para os líderes. Não é mais possível pensar apenas em curto prazo, nem se preocupar apenas com o resultado financeiro. É necessário expandir para um olhar mais sistêmico, identificando as partes interessadas internas e externas da organização, os tais dos stakeholders, e as suas interdependências.
As organizações e seus líderes necessitam aproveitar os sistemas de eficiência do século passado, a tecnologia em aceleração, mas com níveis crescentes de colaboração e liderança compartilhada, de forma a promover agilidade e inovação em um ambiente de negócios nunca tão complexo e interdependente.
Surgem os CEOs, CFOs, CMOs e outros profissionais, que em equipes de alta liderança focam a sua atividade em como gerar valor, não apenas retorno financeiro, para os seus stakeholders internos e externos, não mais apenas para os seus acionistas, navegando por incerteza e ambiguidade e mudanças aceleradas.
O C-level, ou em português os nível-C, são então os executivos do mais alto escalão de uma organização, responsáveis pelo direcionamento geral de uma empresa e suas definições mais estratégicas.
O termo, originalmente utilizado em grandes multinacionais americanas, é composto pela letra C no início (chefe, do inglês chief), pela letra O no fim (oficial, do inglês officer) e no meio destas duas, uma ou mais letras, que designam a principal área de responsabilidade do cargo.
Dentre esses cargos, o de maior responsabilidade e visibilidade é o de CEO, em que o E significa executivo, sendo o principal líder da organização, frequentemente respondendo a um conselho de administração da própria empresa.
O segundo cargo a ter começado a ganhar relevância foi o de CFO, em que o F vem de finanças, ou seja, o principal responsável pelo rumo e decisões estratégicas financeiras, incluindo planejamento financeiro de médio e longo prazo, gestão de riscos e estratégias de investimento e financiamento e a integração com todas as outras áreas operacionais.
O terceiro cargo que começamos a escutar foi o de COO, em que o “O” vem de operações, que desenha e coordena as atividades empresariais, que cobrem a cadeia produtiva, frequentemente desde a aquisição de matérias-primas, logística interna e externa e entrega a clientes, passando pela definição estratégica das instalações operacionais e processos, sua construção e integração com as outras áreas da organização.
A partir da maior complexidade das organizações e do ambiente de negócio, começou a surgir a necessidade de mais executivos neste nível:
– CHRO – Executivo de Recursos Humanos, responsável pelas estratégias de gente e gestão, promovendo e gerenciando o alinhamento organizacional entre propósito, visão e estratégias de negócio e a gestão da cultura organizacional e desenvolvimento de liderança que darão sustento às diversas estratégias. É um novo olhar para as pessoas, como um dos eixos estratégicos do negócio.
– CIO – Executivo de Informática e Sistemas de tecnologia de Informação, responsável pela infraestrutura informática de apoio ao negócio;
– CTO – Executivo de Tecnologia, focado no desenvolvimento tecnológico e inovação dentro da organização, podendo estar envolvido na pesquisa e desenvolvimento de produtos ou tecnologias;
– CSO – Executivo de Vendas, responsável por liderar e gerenciar as estratégias comercial e de vendas na empresa;
– CMO – Executivo de Marketing, responsável pelas estratégias de marketing e publicidade, bem como gestão de marca e frequentemente pela experiência de cliente.
Estes são os exemplos mais comuns de membros do time de alta liderança de organizações, que pretendem ter sustentabilidade no mundo atual, aliam resultados financeiros, expansão e impacto positivo no ecossistema, nomeadamente com políticas e estratégicas claras de ESG.
Como podem perceber, o nível de responsabilidade destas pessoas vai além dos tradicionais diretores executivos. Os profissionais C-level desempenham papéis críticos na definição da missão, visão e estratégia de longo prazo.
Eles necessitam trabalhar em estreita colaboração para garantir que todas as áreas da empresa estejam alinhadas e operando de maneira coesa para alcançar as metas estratégicas, assim como conduzir a transformação cultural, que frequentemente as empresas estão passando, pelas novas formas de trabalhar, liderar e se conectar para criar valor no mundo atual.
Além dos seus conhecimentos específicos de área, as capacidades de liderança, visão sistêmica e estratégica, tomada de decisão, trabalhar em equipe e colaboração, associadas a uma habilidade excepcional de comunicação para trazer clareza e alinhamento e engajamento para toda a organização e seus stakeholders são características essenciais para esses líderes de alto nível.
* Bianca Aichinger e Susana Azevedo são ex-executivas, coaches e sócias-proprietárias da Quantum Development
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NEIDE LIMA MARTINGO PEREIRA
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