Um mentor não é um professor, muito menos um guia, um guru ou um mestre. Longe disso. Um mentor está mais próximo de um coach, mas no sentido mais usado no esporte internacional, como um técnico, um treinador, um instrutor. E para tornar a sua compreensão ainda mais rica, é preciso entender que um mentor é também um parceiro, o seu maior colaborador.
Eu tive inúmeros mentores na vida. De certa forma, meu avô foi o primeiro deles. Com menos de 20 anos, eu conheci um mentor profissional que me transformaria em empresário e me abriria a cabeça para estudar nos Estados Unidos. Depois deles vieram outros. Foi pela orientação desses mentores que pude enxergar possibilidades que não teria visto sozinho. Por valorizar a experiência dos mais velhos e admirar profissionais mais sábios do que eu, sempre fiz questão de sentar-me à mesa com pessoas interessantes – e aprender com todas elas.
Um mentor é aquele que ajuda a navegar no meio das pressões internas, sociais e cotidianas. De maneira prática, ele atua como uma bússola para que seu mentorado não se perca entre tantos estímulos e informações. Um profissional com muita vontade de vencer pode não perceber que algumas de suas atitudes são conflitantes e anulam-se. Conhece aquela expressão “atirar para todo lado”? Por vezes, uma bala pode ricochetear e virar um verdadeiro “tiro no pé”. Neste caso, o mentor é o responsável por clarear o horizonte.
Eu diria que todo mundo precisa de um mentor, mas eu sei que para o mercado de trabalho brasileiro essa ainda é uma ideia incipiente. Por conta disso, acredito que a mentoria seja uma ferramenta ainda mais necessária para alguns perfis profissionais. São eles:
– Recém-formados;
– Profissionais em transição de carreira;
– Novos líderes/gestores;
– Empreendedores;
– Estagnados ou buscando recolocação.
Perceba que há um componente de transformação em cada um dos perfis e o mentor é justamente um agente da mudança na vida de cada um. Em todos os casos, os profissionais estão em busca de algum conhecimento que ainda não possuem. A gente sabe que quase tudo na vida se aprende na prática, mas vou colocar uma situação hipotética: você acabou de ser promovido a gerente. Era o cargo dos seus sonhos e você sabe que precisará aprender muitas coisas para performar bem. E se der errado? E se a sua chefia estiver precisando de resultados imediatos? E se o seu corpo de funcionários te desafiar muito além do esperado? Não seria bom acelerar o processo do aprendizado para dar conta do desafio o mais rápido possível? O mercado de trabalho não é fácil e, mesmo sabendo que o aprendizado leva tempo, talvez ele não esteja disposto a esperar por você. E é aí que entra o mentor.
Além de apoio e conselhos, ele pode ajudar a traçar uma estratégia para desenvolver habilidades que faltam ao mentorado, entregar insights valiosos sobre a área de trabalho específica e criar um mapa de navegação para o pupilo ou pupila.
Agora, encontrar um mentor também é um desafio. Isso porque é preciso sinergia de ideias e valores entre mentor e mentorado. Eles são um time. Precisam estar afinados e caminhar juntos. Comece a busca definindo claramente o que você espera de um mentor, que habilidades lhe faltam e o que gostaria de desenvolver, pois essa relação vai exigir uma boa dose de transparência.
Com as metas pessoais pré-definidas, você pode encontrar um mentor por meios das redes sociais, como o LinkedIn, e participando de eventos na sua área. Seu mentor também pode estar dentro de uma escola profissional ou universidade, dentro de uma associação do setor ou até mesmo em uma plataforma online própria para mentoria. Quando reconhecê-lo, faça uma abordagem direta, formal, educada e sincera, explique seus interesses e ofereça uma forma de também contribuir com o mentor. A mentoria dá trabalho, exige tempo, por isso deve ser produtiva para ambos os lados.
Infelizmente, com a quantidade de falsos profetas que existem hoje nas redes sociais, eu também devo alertá-lo para verificar as credenciais do seu mentor, checar o histórico profissional e a reputação do profissional.
Com a mentoria em andamento, invista na comunicação regular e estruturada para maximizar a experiência, defina metas e objetivos de curto, médio e longo prazo e faça revisões constantes no planejamento. Um bom mentor vai apresentar tudo isso para você, mas não significa que você deva deixar de ser proativo. E o mais importante: esteja disponível. O papel do seu mentor não é passar a mão na sua cabeça, mas oferecer feedbacks construtivos. Receba aconselhamento sem resistência e faça questão de colocar em prática as orientações.
Por fim, celebrem o que conquistarem juntos. A relação mentor e mentorado é, muitas vezes, para a vida toda e você vai lembrar-se dela quando for a sua vez de orientar novos talentos.
Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital e apresentador do Manhattan Connection
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NEIDE LIMA MARTINGO PEREIRA
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