Estão abertas as inscrições para a segunda edição de 2024 do Programa Sinergia, desenvolvido pela Plataforma Jornada Amazônia. O Sinergia é destinado a negócios em estágio de operação e tração e é aberto, inclusive, para aqueles que já passaram por programas de aceleração ou incubação. O objetivo da Jornada Amazônia, através do programa, é contribuir para aumentar a competitividade de startups e empreendimentos com atuação nos estados da Amazônia Legal e promover conexões com mercado, investidores e dinamizadores, a fim de impulsionar esses negócios. Os interessados podem se inscrever pelo site do Sinergia, entre os dias 16 de julho e 23 de agosto.
“O Sinergia vai além de uma aceleração, pois tem como diferencial o apoio customizado e a conexão com o mercado. Buscamos compreender profundamente cada negócio e identificar oportunidades de fazer conexões estratégicas com outras empresas e startups, investidores, e outros parceiros relevantes do ecossistema. Todo esse trabalho é realizado a partir de um diagnóstico individualizado do negócio, a fim de desenvolver planos de ação conforme as necessidades e gargalos de cada startup”, destaca Marcos Da-Ré, diretor do Centro de Economia Verde da Fundação CERTI, realizadora e coordenadora da Plataforma Jornada Amazônia ao lado do Instituto CERTI Amazônia.
A partir do programa Sinergia, a Plataforma Jornada Amazônia tem o objetivo de, até o final de 2025, fortalecer cerca de 100 startups que gerem impacto nos estados da Amazônia Legal e valor para a floresta amazônica. Todo o projeto é realizado e coordenado pela Fundação CERTI e pelo Instituto CERTI Amazônia, com coparticipação e investimentos de Bradesco, Fundo Vale, Itaú Unibanco e Santander.
Quem pode participar
O programa é gratuito e aberto a negócios inovadores, com CNPJ ativo, cujas soluções apresentem potencial para contribuir positivamente com a bioeconomia da região Amazônica e para a competitividade da floresta em pé. Serão admitidas startups com soluções que utilizem de forma sustentável produtos da biodiversidade amazônica; que recuperam solos e/ou desenvolvem serviços e tecnologias para proporcionar condições favoráveis para a nova economia regenerativa; que sejam inovadores e escaláveis com potencial de impacto positivo para a bioeconomia de base florestal.
Dentre os segmentos de atuação, a Plataforma Jornada Amazônia admitirá inscrições de startups e negócios inovadores que atuam em diversos segmentos como Alimentos e Bebidas; Cosméticos e cadeias de insumos; Fármacos e Fitofármacos; Química verde; Tecnologias transversais; Florestas e Sistemas agroflorestais; Energia Sustentável; entre outros. As etapas de inscrições incluem preenchimento de formulário, para então selecionar 40 negócios que passarão por uma banca de pitch. Na sequência, 20 negócios avançam para o diagnóstico aprofundado e, por fim, irão compor o ciclo de apoio. Confira mais informações sobre as fases do processo seletivo no regulamento.
Um dos negócios apoiados pelo Sinergia é a Urucuna. Idealizada pelas irmãs Júlia e Lígia Ferreira Tatto, a startup nasceu do desejo de valorizar a cultura brasileira e a sociobiodiversidade, junto aos povos tradicionais e indígenas – um exemplo de negócio comandado por mulheres e que contribui para o empoderamento feminino entre os povos originais da Amazônia. Além de realizar oficinas de empreendedorismo, os pagamentos dos materiais artísticos são realizados, em sua maioria, com as mulheres artesãs. Durante a participação no Programa Sinergia na edição do ano passado, as irmãs fundadoras da Urucuna tiveram um salto de desenvolvimento técnico para a gestão da startup. “A trilha de conhecimento do Sinergia foi montada para gente, pegando na ‘ferida’ do que precisávamos ajustar. Melhoramos a gestão financeira do negócio, conseguimos reajustar a rota e clarificar a ideia da empresa”, relata Lígia.
Maturidade e protagonismo feminino
O amadurecimento do ecossistema de inovação dos estados que compõem a Amazônia Legal e o fortalecimento do empreendedorismo feminino são alguns dos insights percebidos a partir dos resultados da última edição do programa. Para a edição 2024/1, o Sinergia recebeu 110 inscrições de negócios que operam na bioeconomia amazônica, mobilizando empresas de 15 estados diferentes e 45 municípios. Dentre os selecionados, quase 52% estão em estágio de operação, os demais estão nas fases de tração (11%) e uma parcela selecionada está em estágio de MVP (38%). Foram selecionadas para o ciclo de suporte iniciativas de sete estados, com destaque para o Pará, origem de nove dos 27 empreendimentos selecionados (33,3%).
“As startups com pelo menos uma mulher em cargo de liderança representaram quase 82% das selecionadas para o ciclo 2024.1, um dado que demonstra o fortalecimento do empreendedorismo feminino na região. Ter mais mulheres em cargos de gerência e liderança em negócios inovadores é fundamental para alcançarmos novas perspectivas e diversidade”, comenta Marcos Da-Ré. Além disso, nesta edição, elas também estão presentes em 66,6% dos quadros societários, ou seja, são sócias em 18 startups.
Entre os setores, o segmento de Alimentos e Bebidas teve o maior número de negócios selecionados, representando 44,4% do total; seguido de Cosméticos e Agronegócio, representando 14,8% cada.
Negócios que já passaram pelo Sinergia
Yara Couro
A Yara Couro produz couro a partir do tratamento de resíduos do pescado, em geral descartado de forma incorreta: o curtume verde criado pela empresa transforma a pele de peixe em couro para produção de bolsas e acessórios de luxo e alto valor agregado. “As peles que trabalhamos têm origem no resíduo: damos uma nova cara à pele de peixe, porque, para nós, o que iria para o lixo é matéria-prima”, explica a fundadora Bruna Freitas. “Dessa forma conseguimos gerar uma nova fonte de renda a partir da comercialização das peles. Além disso, evitar que as peles sejam descartadas significa impedir que elas sejam incorretamente enterradas ou jogadas em rios.” O principal foco da Yara Couro no momento é o desenvolvimento da tecnologia do produto intermediário, o couro acabado para indústria de moda e revestimento. “Nessa etapa o couro já está tingido, com acabamento, e pronto para aplicação”, diz Bruna. “O que estamos fazendo é acrescentar elementos para tornar esse produto ainda mais atrativo para o mercado.”
Bossapack
A Bossapack foi criada com a intenção de oferecer ao público um produto genuinamente brasileiro, dos componentes à produção, com a cultura como elo de ligação entre o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento do território. Desde 2017, a Bossapack trabalha com povos originários da região amazônica. Uma das linhas da marca, por exemplo, é a Ipá Tiá, feita em látex extraído de seringueiras nativas da amazônica, com tecido produzido na aldeia do povo Xipaya, no Pará. “Foi através dessas parcerias que encontramos nossa brasilidade”, afirma Cláudio Martins, sócio fundador da Bossapack. “Acreditamos nos princípios da economia criativa e encorajamos toda iniciativa colaborativa. Nossa missão é a busca por materiais sustentáveis, por um sistema de produção justo, e pela valorização do rico artesanato nacional.”
Hylaea
A Hylaea nasceu com um objetivo que impacta diretamente na saúde pública: desenvolver uma versão brasileira da ibogaína. Extraída a partir da Iboga, esta planta tem sido utilizada com sucesso no tratamento de dependência química, depressão e estresse pós-traumático. Ricardo Marques, farmacêutico e fundador da Hylaea, aponta que a Iboga tem sido considerada o “novo marfim” da África, sendo explorada de maneira predatória. “É uma cultura bastante ameaçada no Gabão, país de origem, e a nossa pesquisa tem o diferencial de promover uma extração sustentável, envolvendo as comunidades da floresta e é inédita, pois conseguimos desenvolver esse valioso insumo a partir de uma planta da Amazônia. Inclusive, buscamos a patente junto ao INPI para proteger essa descoberta através de pesquisa”, comenta.
SERVIÇO:
Programa Sinergia – ciclo 2024/2
Prazo: entre 16 de julho a 23 de agosto
Onde se inscrever: clique aqui
Investimento: Gratuito
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ISABELA LAURIA DE TOLEDO
isabela.toledo@approach.com.br